segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Filosofando

Um dos meus autores favoritos é o escocês Alexander McCall Smith. Dois livros de sua série "O Clube Filosófico Dominical” estão disponíveis em português pela Companhia das Letras. A razão pela qual eu gosto de seus livros é porque a personagem central (ou heroína...), Isabel Dalhouise, pensa muito. Isso mesmo. Ela é uma filósofa moderna que pensa, reflete, pensa, reflete e não se contenta com respostas simples para questões complexas.

De tanto ler esses livros parece que meu cérebro se acostumou a uma linha de raciocínio bem particular: procurar a razão das coisas. Trabalhar com comunicação profissional, então, me faz pensar ainda mais. Como se houvesse algo mais por trás de tudo que lemos, assistimos e ouvimos. Lembram do personagem de Mel Gibson no filme "Teoria da Conspiração"? Shhhh, os helicópteros invisíveis estão atrás de nós.

Claro que não somos totalmente inocentes. Sabemos que aquele cosmético maravilhoso usado pela personagem central da novela não está lá por acaso. Que Glória Perez já foi premiada por seu chamado “merchandising social” em novelas. Que alguns carros dirigidos por atores de Hollywood também foram escolhidos - e pagos - a dedo. Que “O Diabo veste Prada”...

Até aí, tudo bem. O chamado merchandising explícito não me preocupa, exatamente porque está ali na cara, para todo mundo ver. Mas parece que alguns diretores de cinema têm se especializado em criar cenas e situações que se mesclam com a história e, por trás, passam uma mensagem muito bem planejada mas não analisada.

Não estou fazendo uma comparação com a propaganda subliminar nazista, onde um frame com a propaganda era colocado entre os 24 frames que compõem 1 segundo de filme; não era percebido pelos olhos, mas ficava gravado no subsconciente, influenciando decisões futuras.

Refiro-me a cenas que estão lá, que assistimos e com as quais rimos ou choramos. Cenas que são percebidas, porém não são analisadas. Fiz aqui uma pequena lista de filmes recentes que me intrigaram:

- "A Verdade Nua e Crua" - a personagem principal toma Red Bull de canudinho, com close no produto, e depois faz uma apologia ao uso de água de torneira para se beber, em vez de água engarrafada. E ela só percebe que está apaixonada pelo moço (almas gêmeas... suspiro) quando ele pede água de torneira no restaurante (?).

- "Se beber, não case!" - após assistir a um documentário sobre os graves problemas sociais que a cidade de Las Vegas tem sofrido com a crise, não me surpreendi ao saber que esse filme se passava em Vegas. Talvez uma tentativa de re-promover a cidade (?).

- "Intrigas de Estado" - mostra uma rivalidade inicial entre jornal impresso (credibilidade) e blog (agilidade), que se desfaz quando ambos percebem que não podem sobreviver um sem o outro (?). No final, uma cena antológica e nostálgica sobre a produção de um jornal impresso.

- "Crepúsculo" - a personagem Bella é uma defensora intrínseca da alimentação saudável e aparece mastigando vegetais em várias cenas, para mostrar que um filme de vampiros também pode passar uma lição de moral (?).

Gostaria de ver as pesquisas de mercado e os conceitos por trás desses filmes. Do contrário, só me resta pensar e refletir. Onde estão os filósofos da atualidade?

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