Ufanismo, segundo o Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa, significa uma "espécie de otimismo nacionalista". Há uma tendência de que o ufanismo esteja mais evidente nos dias de hoje quando uma nação alcança um objetivo ou se destaca em uma área específica. Sim, refiro-me à decisão do Comitê Olímpico Internacional sobre a realização das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, embora o consultor Fabricio Massa já tenha colocado os detalhes técnicos neste blog. Uma vitória que talvez seja o início do começo da batalha contra o negativismo, contra o "eu te disse, mas eu te disse" (que algo sairia errado!) do antigo desenho animado Carangos e Motocas.
Recentemente, uma empresa privada de pesquisa sobre reputação corporativa, o Reputation Institute, publicou um levantamento sobre o que os cidadãos de 33 nações pensam sobre seus países. O instituto pediu que cada participante classificasse sua confiança, admiração, respeito e orgulho por seu país e o resultado foi apresentado na forma do índice de Auto-imagem Nacional e publicado pelo site Economist.com. Austrália e Canadá ficaram no topo da classificação. Infelizmente, o Brasil foi um dos últimos da lista, bem próximo ao Japão - o país de menos reconhecimento por parte de seus cidadãos. Fiquei pensando, por que será? Afinal, vivemos cantando que somos brasileiros com muito orgulho e com muito amor.
Lembrei-me, então, de várias frases corriqueiras, que cresci ouvindo, como "No Brasil, só o que vai para a frente é o atraso" ou "Brasil - ame-o ou deixe-o. O último a sair apaga a luz do aeroporto!". Isso mesmo. Várias gerações, inclusive a minha, cresceram com o coração na mão, sempre achando que algo de errado fosse ocorrer, ainda que as coisas estivessem caminhando de forma positiva. Parece que sempre preferimos acreditar no pior porque, se o pior acontecesse, já estaríamos preparados. E, se o melhor acontecesse, ficaríamos no lucro. Em resumo, cortamos os laços com a decepção, criamos uma redoma protetora. E o resultado da pesquisa do Reputation Institute reflete essa situação.
Curiosamente, anos de pessimismo e de pensamentos contrários parecem ter criado uma força motora invísivel, inversamente proporcional, que está levando o país adiante. O Brasil passou pelo pior da crise mundial de uma forma superior a vários países desenvolvidos. A Copa do Mundo de 2014 é nossa, as Olímpiadas são do Rio, do Brasil e da América do Sul. O coração pulou das mãos para os olhos e o mundo viu os brasileiros chorarem. Gente grande chorando feito criancinha. O brasileiro brincou com o Obama e até trouxe o delicioso sorriso do Mussum, que se espalhou online até na casa do então inimigo, para a comemoração. Recebi muitas mensagens de estrangeiros dando os parabéns ao Rio e dizendo que foi a melhor escolha, sem dúvida.
Ilustração de Rodrigo Hashimoto
Não quero aqui ignorar que há um longo caminho pela frente, nem me esquecer de todos os problemas sociais que entristecem nosso dia-a-dia. No entanto, pela primeira vez, vi uma categoria profissional satisfeita com a decisão do COI: os jornalistas. Acompanho muitos jornalistas brasileiros no Twitter e me chamou a atenção que muitos deles comemoraram o fato e, ainda, fizeram campanha para expulsar os urubulinos da Internet, ao contrário do que acontecia anos atrás. Será o fim do negativismo? Ah, por favor, Reputation Institute, faz a pesquisa de novo? Brasil, meu Brasil brasileiro...
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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3 comentários:
Sandra,
Parabéns pelo post! Realmente, o pessimismo ocupou-se no país durante gerações, onde o-que-é-de-fora-é-muito-melhor, onde tivemos campanhas e a mais recente "Sou Brasileiro e não desisto, nunca"
- Sinais de mudanças? E já estava mais do que na hora de serem feitas as mudanças, para que nossas próximas gerações tenham cada vez mais orgulho de serem brasileiros e brasileiras.
Sandra, você conseguiu captar o sentimento de grande parte dos brasileiros, entre os quais eu me incluo: um misto de apreensão e alegria.
Também quero acreditar na mudança, no resgate do patriotismo ao nosso querido Brasil.
Parabéns pelo post!
Obrigada.
Quando vemos pessoas de diferentes nacionalidades dando os parabéns ao Brasil, temos que divulgar :-)
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