segunda-feira, 29 de junho de 2009

As gerações, as redes sociais e o trabalho


Nas duas últimas semanas, meu Facebook foi inundado por solicitações de amigos brasileiros, o que dá a entender que finalmente esse site está decolando no Brasil. Não tenho nenhuma estatística. É só uma percepção. Há dois anos, quando criei o meu perfil aqui em Sydney, enviei convites para o meu catálogo de endereços e ninguém do Brasil respondeu. O Orkut era o todo-poderoso da época. Mas, tudo muda.

A coincidência é que acabei de ler uma matéria falando que, com a crise global, as empresas bloquearam quatro vezes mais o acesso aos sites de redes sociais em abril de 2009 quando comparado a junho do ano passado. A idéia é aumentar a produtividade nessa época de crise econômica mundial. Segundo o site http://www.news.com.au/technology/story/0,25642,25604588-5014239,00.html, uma pesquisa da Nielsen revelou que se cada funcionário passar uma hora por dia no Facebook, isso poderá custar milhares de dólares no final do ano.

Ao mesmo tempo, outra pesquisa recente da Universidade de Melbourne mostrou que usar o Twitter, o Facebook ou qualquer outro site do gênero pode tornar você um empregado mais produtivo... Estranho, não? O argumento é de que as pessoas precisam se descontrair um pouco para, em seguida, retomar a concentração de forma mais efetiva. A mente precisa descansar, para depois ser estimulada novamente.

Isso tem até um nome, Workplace Internet Leisure Browsing (WILB), ou seja, navegar na Internet por diversão no local de trabalho. Segundo a pesquisa, 70% dos trabalhadores de escritório usam a Internet com finalidades pessoais. Desse número, 9% foram considerados mais produtivos quando comparados aos trabalhadores que não usam a web por diversão (desculpem a minha incerteza, mas existe alguém que não dê nem uma olhadinha nas notícias diariamente?).
No ano passado, uma pesquisa também realizada aqui na Austrália verificou que as empresas que estavam bloqueando o acesso às redes sociais corriam o risco de "perder" talentos para os concorrentes, já que esses talentos se recusariam a trabalhar em uma organização com políticas tão rígidas. Os entrevistados eram, em sua maioria, da geração Y e da nova geração do milênio.

Discussões à parte sobre a segurança dos sistemas da empresa, os abusos feitos por colegas de trabalho engraçadinhos via Facebook, o uso desse site por empresas no recrutamento e seleção de funcionários e tantas outras situações que possam até virar questões jurídicas (isso tudo daria uma sequência de posts), a pesquisa da Universidade parece ser sensata. Às vezes, é preciso parar um pouco e, então, retomar o trabalho com mais vontade e de forma mais criativa.

Uma olhadela no Facebook pela geração do milênio é similar àquela parada para o cafezinho que os baby boomers estavam tão acostumados. Como tudo na vida, no final é preciso apelar para o bom senso. Muito café pode fazer mal à saúde, assim como ficar o dia inteiro passeando por sites por pura diversão também pode custar o seu emprego.

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